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domingo, 9 de junho de 2013

Aspectos da França em Porto Alegre

Voilà. É pouco provável que Benzema, Capoue, Payet, Gourcuff ou Giroud tenham um acesso de patriotismo na acomodação do Hotel Sheraton e saiam à procura de locais que lembrem a influência francesa na recôndita Porto Alegre.
Nas horas vagas à espera do amistoso de domingo contra a Seleção Brasileira de Felipão, o mais provável é que os craques do país do Asterix se aventurem pela vizinhança e degustem um baguete, pão francês ou de chocolate numa padaria logo adiante, na Rua Dinarte Ribeiro.
Como não há jornais franceses à disposição na recepção do hotel, alguns deles recorrem às páginas em francês publicadas por Zero Hora. Ou procuram o Le Monde numa revisteria da Rua Padre Chagas, no bairro Moinhos de Vento. 
O mais provável é que os bleus fiquem sitiados na concentração diante do assédio da torcida. Pudera. Pelo menos 5 mil alunos estudam a língua de Molière em cursos na Capital, além dos aficionados pelo futebol, os apaixonados por Benzema do Real Madrid ou de Matuidi e Menez do PSG. Alguém da comissão técnica ou de apoio da delegação poderia optar por assistir ao drama francês Depois de Maio no cine Guion – o que também é improvável. Se ainda assim insistirem em perseguir aqui traços franceses, há um roteiro modesto embora histórico para tanto. Voilà.
O café da Casa de Cultura Mario Quintana

Na Avenida João Pessoa, quase esquina com a Venâncio Aires, o prédio de fachada clássica do templo positivista é o nosso maior símbolo das ideias do pensador francês Augusto Comte (1798/1857). Com pilastras imitando colunas, o prédio de linhas retas pertence aos anos 1920.
No alto da fachada, lê-se a inscrição “Religião da Humanidade”, porque ali eram realizados ritos. Mas a doutrina nada tem a ver com misticismo. Sua essência era o rigorismo científico que provocou a abertura de faculdades de Engenharia e Direito pelo país. Essas ideias cimentaram a República Brasileira, nascida cem anos após a Bastilha de 1789.
Mais tarde, a trilogia da igualdade, liberdade e fraternidade do espírito francês se alastrou pelo mundo e chegou a Porto Alegre pela convicção de políticos como Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Flores da Cunha, Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha e Carlos Barbosa. O lema Ordem e Progresso do pavilhão nacional vem daí.
– A primeira constituição do Rio Grande do Sul, em 1891, foi redigida pelo positivista Júlio de Castilhos, chefe de Partido Republicano Riograndense (PRR). Àquela época, a elite local estudava Direito em São Paulo e Recife e de lá voltava com os novos pensamentos – ensina o historiador Voltaire Schilling.
Há outros prédios sob influência ou projetados por franceses, símbolos do passado. Hoje, a vinculação entre os dois países ocorre mais por intercâmbio cultural. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mantém acordos nas áreas de informática, geociência, química, administração, engenharia e filosofia.
Prova disso é a agenda do embaixador Bruno Delaye, depois de assistir, no domingo, ao time de Deschamps na Arena. Na segunda-feira vai se encontrar com o governador Tarso Genro, o prefeito José Fortunati e empresários da Fiergs. É claro, tratarão de mais influência francesa no Estado.
Catedral Metropolitana de Porto Alegre/RS
 Foto: Danielle Meira

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